Pequenas Práticas

Quando crianças somos obrigados a escutar incansavelmente o batido mantra das "palavrinhas mágicas": por favor, com licença, obrigado, me desculpe! A boa educação manda pronunciar estes signos linguísticos para o bem do seu discurso, mas há quem diga que “desculpa não passa dor” e que “não é pra brigar não”. É tamanha a delicadeza humana que prefiro acreditar que “eles” querem dizer mesmo é para falar menos e agir mais.
Nesse ponto, "eles" têm razão. Não quero dizer com isso que a linguagem dos sinais é mais legal, ou, simplesmente para evitar as palavras. O que tem que ser dito é para ser dito, desde que esteja em um contexto e, assim, condizente com os atos (mesmo com a admissível margem de erros para nossa a espécie, é claro).
Bem se diz que um homem é de palavra. Mas que palavra é essa? É quando ele faz o que diz, ou, em poucas palavras, ele cumpre o que promete, e essa é a base para qualquer relacionamento comunicacional sem ruídos.
O cliente requer uma assistência que vai além do código do consumidor, com essa história de fidelização, marketing de relacionamento, e segmentação. Não é só “obrigado e volte sempre”. É um contínuo esforço para que esse público se sinta lembrado, nada mais do que, avisos, cartões, emails, ações, mesmo que promocionais.
O amante projeta em seu par aquele que nunca lembra, pois nunca deixou de esquecer. Mensagens no meio da noite, ligações a cada momento do dia, são táticas dos casais que mantém a chama do “dito e feito” e que dispensa aquelas frases como: “Obriagado por me entender” e “Desculpa não ter te ligado ontem”.
Já o amigo, o nome já diz, leal até na hora de esperar. E sempre espera o melhor de seu fiel confidente. Portanto, nunca se deve fazê-lo se sentir menos importante do que os outros, pois para isso existem os colegas e a maioria dos amigos do orkut...

Às vezes sinto raiva dessa rede de palavras cruzadas nos msn e orkut’s da vida. As conversas não têm ponto final, e para piorar, não se têm palavras para dizer certas coisas: as máquinas ainda não possuem expressão facial e calor humano. Quando era apenas o telefone aguardávamos uma ligação como resposta, mas hoje, até mesmo os ligadores insistem em faltar com essa ação.
Explicação: ainda com toda a facilidade e habilidade para dizer e agir que os atuais meios proporcionam, ficou tudo mais amplo e complicado para se chegar a um consenso. As palavras se perdem antes mesmo de se tornarem ações, e por isso mesmo vai ficando, pois o tempo é mais curto, não dá para ficar voltando atrás. Tenho que admitir que a internalização das "palavrinhas mágicas" que resultariam em pequenas práticas para uma relação saudável, foram perdendo o lugar para a produção em série de pessoas que acreditam ser e pensar iguais a todas as outras pessoas.
Aí eu pergunto: se nem a minha TV por assinatura me deu satisfação ao tirar um dos meus canais favoritos do ar, por que devo eu esperar isso de alguém que também já conseguiu a minha fidelização?

3 comentários:

Luã Vaz disse...

O que temos são palavras ao vento e o vento joga elas aonde? No nada, lógico... Haha, ou seja, coisa sem sentido... Palavras sem valor, promessas fúteis e ações sem nexo... Ainda bem que eu posso dizer que bom era antigamente!

Natalie disse...

"Não quero dizer com isso que a linguagem dos sinais é mais legal"
auihsiauhsuihaiuhsa

sim, sobre as palavrinhas mágicas, sim, é um metodo eficaz de se implantar a rara educação nas crianças de hoje que, à propósito, estão muito desrespeitosas.
mas, em relação a agir mais, penso que devemos ter consciência e agir pedindo licença para não pedir desculpas depois.
dar um tapa sem pensar, pensar, e pedir desculpas depois.
errado.
temos que pensar, pedir licença e agradecer.
;)
mas, o que é o respeito e a educação num mundo onde até no trânsito as pessoas se matam?

Juniupaulo disse...

gente! cadê vocês?