Caiu a Máscara

Que a realidade dos Reality Shows possui caráter duvidoso é fato. Pois então "me diga quem você é, me diga! Tira a máscara que cobre o seu rosto". Foram os versos que fizeram parte da trilha sonora do mais esperado já esperado último paredão do Big Brother Brasil. "Mas nada é orgânico, é tudo programado e eu achando que tinha me libertado", não é Pitty?


A cantora roubou a cena desse Dejá vu televisivo e quase leva o prêmio: de melhor desconstrução da sua imagem. Dentre as "incoerentes" revelações e edições de cenas de todo o programa, o seu show completamente destoado do contexto, reforçou o simulacro da vida real.
É realmente uma contradição...Uma artista construída nas bases da "ética" do não: "não gosto do sistema","não vou ao Faustão", agora, parece não querer mais dizer não às armações ilimitadas da telinha!
Deus lhe pague, Pitty. Por evocar as palavras de Chico Buarque, pouco antes de mais um discurso decadente do jornalista Bial para anunciar o vencedor do BBB.
E quem ganhou mesmo? Parece que foi um fã da Pitty, ou da bandinha do namorado dela... Então tá tudo em casa, e quem sou eu para julga-los? A receita é milionária para eles, enquanto eu perco o sono e aliso os bancos da ciência para tentar entender tudo isso.

Ainda no plano das câmeras...

SORRIA!

Parece que a onda do Reality Show pretende entrar para a vida real. Há algum tempo o Big Brother Brasil tem ensaiado a sua versão São Paulo, o que foi e ainda é motivo para um alvoroço de opinões entre os seus prováveis participantes: a população paulistana.
Será que vence o medo de ser flagrado ou o desejo de segurança? Uma das maiores metrópoles do mundo é o centro econômico do Brasil, mas possui um dos maiores índices de violência e criminalidade. Essa realidade leva a crer que a falta de criatividade de copiar tudo do primeiro mundo, dessa vez pode ter alguma utilidade...
Digo isso porque essa idéia de invasão da privacidade nas ruas veio das "Europa", para ser mais precisa, de Londres. E para quem não se lembra, há quase três anos, o brasileiro Jean Charles de Menezes fora confundido com um terrorista e morto a tiros em pleno metrô da capital da rainha. As imagens não devolveram sua vida, mas serviram para inocentar a sua póstuma alma.

Aqui, o cenário deixa de ser uma pequena mansão com 14 pessoas( Big Brother da TV). São ruas, marginais, zonas de norte a sul com uma população em milhões, sem a recompensa milionária para quem sobrevive. Enquanto todos gostam de dar uma "espiadinha" nos outros , ser espiado não é tão confortável assim, confirmando o sábio dito "Pimenta nos olhos dos outros é refresco". O brasileiro gosta mesmo de assistir! Ser vítima dos diálogos truncados, das imagens editadas por aparelhos "do futuro", do falso discurso intelectualizado de um jornalista decadente em uma rede globalizada.
Que tal dar uma olhada na Praça da Sé e ver quantas velhinhas perdem suas bolsas na porta da igreja, ou na 25 de Março, a máfia rolando solta? Mas o que preocupa o povo brasileiro é o risco de ser pego "limpando o salão" em pleno ponto de ônibus ou exercendo os mais estranhos hábitos, como ouvir a conversa alheia ou pegar despreocupadamente nos "órgãos"!
Se essa moda pega o bom mesmo seria o Big Brother Brasília. Já pensou no dia a dia das mentes brilhantes que governam o Estado nos momentos de intimidade, exibindo as aquisições feitas com cartões corporativos e outras maravilhas patrocinadas pelo dinheiro público?
Melhor ainda é a possibilidade de acompanhar o processo de criação da imagem dessas pessoas públicas. Será que dá para fingir o tempo todo?

Ética, mídia, política e segurança: assuntos muito sérios para se discutir. Melhor acabar com essa história de filmar gente normal numa cidade de verdade porque não tem graça, não vende! Melhor é assistir o paredão na tv...Coisas da cultura de massa: o informe bolo de conteúdos relevantes ou não.


4 comentários:

Anônimo disse...

Lari,

A coluna "Refil" foi inaugurada com grande estilo! Além de um bom conteúdo e possui razão. Parabéns. Se bem que eu nã esperava menos...

Quanto a Pitty x BBB não sei das quantas:

Será q foi mesmo o dinheiro que motivou a cantora a dar o ar da graça em um programa tão popular e com baixo teor cultural?
Bom, os motivos reais não saberemos ao certo, agora que foi estranho, isso foi. As cortadas de Bial estavam piores que as de Fasto Silva...

Quanto ao BBB Real, aquele que não dispõe de tanta audiência e aceitação:

Já pensou se essa moda pega? Eu por exemplo teria q falar bem de certas pessoas, nossa seria tão chato...a vida perderia a graça n é mesmo? rsrsrs
Brincadeirinha...
Mas a expressão "Pimenta nos olhos dos outros é refresco" foi a mais acertada das suas colocações. Por que expor uma minha vida cotidiana tão chatinha e banal, se eu posso dar risadas das frases mal articuladas dos membros de uma casa tão legal, ou ficar encantado com as modelos "inteligentes" exibindo seus corpos em mini-shorts?
Hein? Hein?

Juniupaulo disse...

Ainda bem que como publicitários, profissionais que devem se comunicar para todos os públicos, nós temos a desculpa perfeita pra assisitir o BBB, né? Sempre podemos dizer que é pesquisa e que não temos preconceitos.
Ai ai, a gente não presta.

Ive C. é Ive da Viés? Pra quando é o seu blog com Mateus e Timothy?

Lari, tá sabendo que vai ter Moraes Moreira na UFBA hoje?
Não sei se vai dar pra eu ir.
Mas se vc for quero ler a resenha aqui.

Bjo. (purran, tô até dando bjo!)

Anônimo disse...

Postando no seu blog for the very first time...
Bem, minha opinião sobre os textos você já conhece, não apenas porque os li contigo a alguns metros de distância em um mesmo recinto, mas sim porque fiz questão de comentar em voz alta minhas congratulações com relação aos textos e ao blog. Vocês mandam bem, curto ler o material do blog, inclusive os comentários.

Abraços!

Anônimo disse...

amei a acidez,sagacidade e a falta de dedos nas ironias, dizendo o que pensa de Pitty e Bial sem medo de ser feliz..Graças a Deus vc tá em plena forma!

beijooo =)